2018/08/28

CRUZEI A LUZ DO TEU OLHAR


Pintura de Claude Monet


CRUZEI A LUZ DO TEU OLHAR


Os meus olhos cruzaram a luz do teu olhar
Num dia de chuva, com pingas, aborrecidas,
Tremiam no ar as flores azuis humedecidas;
Olhar teu, onde eu via toda a beleza do mar!

Olhar verde-claro de uma alga humedecida,
Os teus lábios eram rosa, de rosa em botão;
Apareceu-me na alma uma ideia escondida,
Sei lá, um desejo doido, ou até uma paixão!

A maré estava vaza; fomos ouvir o marulhar;
Vimos o brilho da água através da neblina;
Sentado sobre a rocha, estava eu a pensar:

Se ela fosse uma cigana podia-me ler a sina!
Pedi-lhe um beijo, e sua boca assim mo deu;
Descobri o segredo que o coração escondeu!

Alfredo Costa Pereira

2018/08/24

"JARDIM A ORIENTE"


Imagem: Gin Lammert - Tutt'ART@ di Maria Laterza


"Jardim a Oriente"


Pelo silêncio das palavras 
Correm rios de tinta, plantados 
À beira-Céu, azuis do mais refinado
Coração que abraça o`Ser´ao infinito.

São intervalos nas margens do rio
Que acentuam a beleza do`Ser´
E se plantam de rubros olhos aos lábios 
Que bordam a oiro Estio.

Bebessem no pregão ao vento
Pelas almas que declamam amor,
Ou, o suspiro de mágoas, ao sabor
Do que contem o espaço no momento.

São as mudas expressões, contidas silabas,
Que espreitam pela garganta ao mundo
Na esperança de ser voz, ou até, na hábil magia
De serem Flores de poesia.

São sorrisos, ou lágrimas
Sempre da cor das almas
Que vivem no`Ser´
Nas Planícies do "Jardim a Oriente".

© Ró Mar

2018/08/19

SILÊNCIO AZUL...


Imagem do Google

Silêncio azul...


Silêncio azul…
Palavras emudecidas...
Em meu seio por escrever...
Descortinam horizontes,
Vislumbrando pontes
Para além de mim…
Meu sonho?!
E eis que de lés a lés,
Um vulto se expande...
Em desvelo!…
Será a minha alma nua?…
Será a tua?...
Tão linda, tão rubra!…
Em segredo…
Inclinando-se aos pés de Deus...
Ah, e no escrutínio revela...
Um amor profundo...
Elevando as suas mãos, 
Pede a bênção da eternidade…
E ora, ora, ora…
Esvaindo pérolas em flor…
Dos seus doces olhos…
Tão infinitos d´Amor!...

© Helena M. Martins 

2018/07/29

PELAS ASAS DE UM TEMPO TEU A VOAR


Imagem - ECLiP$E 


APRENDENDO PELAS ASAS
DE UM TEMPO TEU A VOAR


Solta a alma, pela janela de outra vida,
Libertando teu coração aprisionado,
Pelo doce voo de um mar enamorado.
Vai, sem receio, alada pela loucura desmedida,

Enfrenta com serenidade a fúria do mar
Libertando ligeiramente as ondas salgadas
Pelo vento que circunda as asas de um amar.
Vai, sem pressa de voltar às janelas fechadas,

As malfadadas que te tomam os dias
E surrupiam os mais belos momentos.
Porque não deixas o Sol entrar pelas poesias

Que hão-de ser outro mar? A visão de artista
Certo dia existirá, e a olhos vistos,
Tal a beleza de uma natureza que conquista.

Solta a alma, pela janela de outra vida,
Aprendendo pelas asas de um tempo teu a voar.

© Ró Mar

2018/05/28

AMADA POESIA




AMADA POESIA 


Ó minha amada Poesia
É a ti que minh´ alma adora 
E é por ti com energia 
Que sempre luto a cada a hora!

Nesta manhã de sol brilhante
Inflamado de harmonia
Eu te louvo esfuziante
Ó minha amada Poesia.

Acolhe, pois, este meu preito
Numa esperança que aflora
E te juro, dentro do peito,
É a ti que minh´ alma adora.

Neste mundo desvirtuado
Que minimiza a Poesia
Repara qu´ estou apaixonado
E é por ti, com energia.

Nesta ridente primavera
Em que todo o ser s´ enamora
É num testemunho-quimera
Que sempre luto a cada hora.

Nada acontece por acaso
Neste humanizado universo
Desça à terra o meu Parnaso
Para enobrecer cada verso.

Ó Poesia, ó minha Diva
Co´ as minhas musas mais discretas,
Quero cantar numa alma viva
Este meu louvor aos poetas.

E, com este mesmo objectivo,
Tu, ó Calíope protectora
Dá-me, em sagrado lenitivo,
A tua bênção nesta Hora!

Frassino Machado
JANELAS DA ALMA 

2018/04/22

TEMPLO DO AMOR


Ilustração de SVETLANA VALUEVA


TEMPLO DO AMOR


Faço do meu peito
Um velho templo tibetano
Onde eu com preceito
Saboreio o silêncio humano
Gosto de ouvir apenas
O ténue ruído das aranhas
Tecendo o esboço dos poemas
Que saem das minhas entranhas
Quero sentir-me monge!
Beijar as aves no céu
Que voam alto e longe
Preciso do perfume da flor
Nascida no cume da montanha
Onde voa o nobre condor
E tu exibes uma dança estranha
Com o teu charme sedutor
Que faz abrir o meu peito
Como um templo do amor
Quero sentir-me monge!
Beijar as aves no céu
Que voam alto e longe
Do meu ser pecador de réu
Que escreve com fervor
Este poema como troféu
Neste dia de cinzenta cor
Onde o azul fugiu do céu
Para a tela de um pintor
Quero sentir-me monge!
Beijar as aves no céu
Que voam alto e longe
Do mundo cruel e estranho
Quero sentir-me monge!
Num templo tibetano
Para apreciar a beleza
Do teu interior humano
Preciso da leveza
Do voo sagrado do condor 
E da fina delicadeza
Dos beijos de doce sabor
Que saboreio em silêncio
No templo do amor.

Joaquim Jorge de Oliveira