Ilustração de SVETLANA VALUEVA
TEMPLO DO AMOR
Faço do meu peito
Um velho templo tibetano
Onde eu com preceito
Saboreio o silêncio humano
Gosto de ouvir apenas
O ténue ruído das aranhas
Tecendo o esboço dos poemas
Que saem das minhas entranhas
Quero sentir-me monge!
Beijar as aves no céu
Que voam alto e longe
Preciso do perfume da flor
Nascida no cume da montanha
Onde voa o nobre condor
E tu exibes uma dança estranha
Com o teu charme sedutor
Que faz abrir o meu peito
Como um templo do amor
Quero sentir-me monge!
Beijar as aves no céu
Que voam alto e longe
Do meu ser pecador de réu
Que escreve com fervor
Este poema como troféu
Neste dia de cinzenta cor
Onde o azul fugiu do céu
Para a tela de um pintor
Quero sentir-me monge!
Beijar as aves no céu
Que voam alto e longe
Do mundo cruel e estranho
Quero sentir-me monge!
Num templo tibetano
Para apreciar a beleza
Do teu interior humano
Preciso da leveza
Do voo sagrado do condor
E da fina delicadeza
Dos beijos de doce sabor
Que saboreio em silêncio
No templo do amor.
Joaquim Jorge de Oliveira