Sonhemos
Mas como não sonhar se o sonho aviva
as esperanças, fontes de conforto?
Não sonha quem está, por certo, morto,
sem ver a luz de alguma alternativa.
Navio em alto mar, sem ter um porto,
sem âncora, horizonte, perspectiva,
vagando ao léu e só, sempre à deriva,
é aquele que não sonha, vive absorto
pensando apenas só na vil matéria,
que é fonte de poder e de miséria,
também de dor, que o sonho sempre abranda.
Sonhemos pois, que o sonho regenera
os tons azuis-lilases das quimeras,
dos versos das modinhas de ciranda.